segunda-feira, outubro 16, 2006

Sair para dentro

“… e depois saí para fora” – eu ouvia a conversa atentamente e não pude deixar de sorrir, como sempre faço quando tropeço nestes pleonasmos, nestas redundâncias da língua…

Claro que, se era para sair, teria que ser para fora – pensei eu.
Mais tarde, ponderei e cheguei à conclusão que a expressão não era assim tão simples.
Porque, pensando bem, o que eu queria mesmo era…sair para fora e ficar cá dentro, sair e ficar a ver o que se passa, como quem espreita pela vidraça de uma janela, sair e poder sentir o calor que vem da lareira e o ar fresco da manhã quando se sai de casa, sair mas poder abrir as gavetas e arrumar algo que ficou esquecido, sair e pôr água nas plantas e comida ao gato, sair e rodear-me dos odores da casa…
Afinal, eu queria era sair para dentro.

3 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Muito bem visto!
É do tipo daquela publicidade (...) Vá para fora cá dentro(...)
De certo ponto isto é publicidade enganosa... Pois não vamos a lado nenhum, tá claro! Bem também não havia guito para ir... por issa eles têm razão, vale mais ficar cá dentro. Mas cá dentro? Onde é que isso fica?!...
Bem será que se tem que descer aquela subida para lá chegar? ou Subimos pela descida...
Bem, no meio desta conversa toda já me perdi!... Afinal onde é que eu ia?...

Anónimo disse...

Acho que é uma das coisas mais ricas que podemos (e, sem querer ser muito moralista, devemos) fazer na nossa vida.
Sair para dentro de nós próprios, olhar para dentro como quem vem de fora, devia ser um objectivo a alcançar. Como daqueles que todos nós traçamos secretamente no fim-de-ano. Espero que saias muito para dentro este ano, minha amiga.
Um abraço.