quarta-feira, agosto 12, 2009

Virar a página


Se eu reparar bem, não foi assim nenhuma novidade o que aconteceu. Tratou-se da evolução natural de um processo que (quase) não poderia ter outro desfecho.

É como quando temos visitas. Mesmo que sejam aguardadas com muitas saudades, se ficarem durante muito tempo, acabamos por nos questionar todos os dias sobre o dia em que decidirão partir de uma vez por todas e, nesse dia, suspiraremos de alívio e vamos querer arrumar todos os sítios por onde as visitas passaram e voltar a pôr tudo como era anteriormente. É assim que me sinto, como se tivesse sido uma visita na vida de algumas pessoas, como se nunca tivesse realmente sido acolhida como “da casa”. Suponho que murmuravam nas minhas costas de sobrolho carregado, que compunham sorrisos “amarelos” quando eu chegava, que diziam piadas (sem piada nenhuma) de circunstância à espera que me risse ou que concordasse com as ideias que defendiam. E eu sorria a tudo (tal era a ânsia de agradar) e lutava com quantas forças tinha por eles/elas, para lhes mostrar até onde conseguiam ir e para que sentissem que eu estavam lá sempre, que era a personificação do “ombro amigo” a qualquer hora, por qualquer razão, incondicionalmente…

A pouco e pouco, quase sem me aperceber, comecei a sentir que simplesmente não era desejada nas vidas dessas pessoas e que afinal não bastava a minha dedicação, nem nada que viesse da minha parte. Foi tão mais duro o corte pela brutalidade, pela injustiça, pela crueldade pura das palavras que o acompanharam. Essa parte talvez ainda não tenha conseguido ultrapassar, em parte, porque quero recordar-me todos os dias de como as pessoas que nos são próximas podem ser tão bestialmente ingratas. Como um marco que me obriga a reflectir e voltar à realidade quando a mente e o coração começam a querer voar mais alto. Mesmo assim, continuarei a acreditar que todo este longuíssimo episódio foi somente um tropeço na calçada e não um desaire. Longe disso!

2 comentários:

Ana Pinto disse...

Estás um bocado amarga mas têns razão. Já cheguei a esta conclusão há muitos anos! Mas a vida é com uma casa, temos que fazer limpezas periódicas do lixo, do que já não serve, do que está a mais. Assim vamos fazendo na vida também limpeza de pessoas, de situações, de pensamentos que já não nos interessam. Se deixámos de interessar a essas pessoas, também elas têm que deixar de nos interessar a nós. Life goes on... Em frente, sempre...

Miss T disse...

Ana
é mesmo isso. Não é uma questão de amargura, mas de frontalidade, de ver as situações pelo lado prático. Agora, é seguir em frente...