quarta-feira, junho 16, 2010

Em construção

Primeiro experimentei deslizar e encaixar-me. O espaço era estreito, sem janelas, o ar sufocante. Esforcei-me por encontrar o fio que imaginei condutor. Considerei a hipótese de me aninhar… Mas não, também não. A cada instante, o apelo exterior. O ar que se adensava. Soluçavam ímpetos de curiosidade. Sobrava-me vontade de esbracejar. Corri até à porta que teimava em não abrir. Canalizei a força, a fúria e os rompantes naquele gesto. Vi-me a sorrir ao quase tocar na aura de insubmissão que me perpassava. Dissolveram-se o definhamento e a míngua de descoberta perante o jorro de luz do mundo lá fora. A única certeza é a da importância do ímpeto que me locomove, que incessantemente me agudiza a curiosidade e me impele a lutar pela plenitude de me sentir em permanente construção.

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