sexta-feira, outubro 29, 2010

Sono

Percebo agora que divido cada segundo em milésimos de desatenção e deixo de conseguir concentrar-me. Vagueia-me a mente por campos dourados por espigas de trigo, pressinto o sorriso e deslizo para outro local onde o sol empresta brilho às ruas de casinhas brancas, escrupulosamente arrumadas por alturas. Não deixo de sorrir, pelo contrário. Há um torpor agradável que me percorre o corpo e me coloca num estado de quase letargia. Apetece-me fechar os olhos e permitir que o alento se metamorfoseie em concha onde possa dormir nas próximas horas.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Quem disse que agora ia ser diferente?

Quem disse que agora ia ser diferente?

Sento-me, recorto as palavras e faço-as deslizar para o exterior. Depois espero o feedback. Chegam movimentos convencionais e açucarados, chegam sobressaltos e intranquilidades, chegam réstias de bom humor que me cercam e me alvitram que as receba de bom grado. Analiso-as sem filtro, sem passagem pela alma e sinto as pálpebras pesarem novamente. O cansaço entorpece-me os movimentos, retarda-me a reacção. O medo e a intangibilidade da fasquia tolhem-me a fluidez do discurso e interferem na expressão facial.

Levanto-me e resisto, como sempre.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Grão de areia

E depois vem o dia em que compreendemos que a história de sermos um grãozinho de areia num deserto faz todo o sentido. Não é ser um grão de areia no sapato de alguém, nem um grão de areia numa engrenagem ou num bolso do saco da praia. É termos mesmo a consciência que não somos mais que uma parte constituinte desse tal deserto. Se desaparecermos, não comprometemos a sua existência, faremos apenas falta a alguns que nos conhecem. E no espaço onde cabíamos, algo mais virá para se lá acomodar. Nessa sequência, vem a certeza de que os feitos dos nossos dias pouco mais implicam que a nós, não perturbam a ordem do Universo, não atrapalham o correr do sangue nas veias dos outros. E após a perplexidade inicial virá certamente a percepção de que todas estas constatações acabam por não ser necessariamente negativas.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Menino do Rio

Nostalgia... de dias despreocupados, de descobertas diárias e de um sorriso tímido.