sexta-feira, outubro 27, 2006

Talvez amanhã


Quando ela chega, inunda o ambiente com palavras que atropelam quem com elas se cruza.

Palavras evitadas pelos outros, palavras com cheiro a “déjà-vu”, palavras soltas, sem nexo, não articuladas, palavras voláteis como bolas de sabão, que não deixam rasto nem boa recordação.

Talvez amanhã, ou mesmo hoje (quem sabe), essas palavras mudem de guarda-roupa, de cenário, de condição.

Talvez amanhã, ou mesmo hoje (quem sabe), ela deixe de se parecer com o tal elefante numa loja de cristais.

Assim, quando ela chegasse, pintava de tons pastel o ar que respiramos com palavras doces e subtis.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Gotas de...

De repente, estava cá fora, à chuva…
Cá fora, noutra dimensão, noutra estrutura de reflexão.

Com gotas de sombra e de luz,
com gotas de loucura,
que perpassavam a minha indiferença
e atingiam a melancolia que me servia de agasalho.

Saudei-a,
Acolhi-a de bom grado,
Apaziguei-a
e até lhe reservei um lugar ao meu lado.

Aconchego, conivência, cumplicidade… até quando?

Até uma singela vaga de luminosidade,
ou de sensatez
a convencerem a regressar.

Vou sentir falta dela…

domingo, outubro 22, 2006

Tempestade...


Vermelho,
Cor de tempestade...

segunda-feira, outubro 16, 2006

Sair para dentro

“… e depois saí para fora” – eu ouvia a conversa atentamente e não pude deixar de sorrir, como sempre faço quando tropeço nestes pleonasmos, nestas redundâncias da língua…

Claro que, se era para sair, teria que ser para fora – pensei eu.
Mais tarde, ponderei e cheguei à conclusão que a expressão não era assim tão simples.
Porque, pensando bem, o que eu queria mesmo era…sair para fora e ficar cá dentro, sair e ficar a ver o que se passa, como quem espreita pela vidraça de uma janela, sair e poder sentir o calor que vem da lareira e o ar fresco da manhã quando se sai de casa, sair mas poder abrir as gavetas e arrumar algo que ficou esquecido, sair e pôr água nas plantas e comida ao gato, sair e rodear-me dos odores da casa…
Afinal, eu queria era sair para dentro.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Palavras...

Palavras…

Pétalas que divagam numa espiral de sons,
Promessas de um horizonte sem sombras,
Presságio de dias pacíficos...

Tela de um quadro nunca finalizado
Sem autor,
Sem título determinado…

Notas de uma pauta imensa,
Partitura de sentidos,
Prelúdio de momentos suaves…